INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS EM
SALA DE AULA: UMA ALTERNATIVA PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA?
Por Bruna Letícia Bozza, RU1792014
Polo Sítio Cercado – Curitiba
10/09/2017
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Fonte:
Paula Giolito da Agência “O Globo” | Site app ProDeaf
Como uma forma de
inclusão de alunos surdos em sala de aula, o professor da disciplina de artes
João da Silva da Escola Estadual Souza Soares, situada no município de Curitiba
no Paraná, desenvolveu uma atividade que deixou a diretora e os demais
professores da escola impressionados com tamanha perspicácia e, pasmem: fazendo
o uso de um aplicativo de celular!
Com a falta de recursos
públicos destinados pelo governo do estado para pagar tradutores para alunos
surdos na classe, o professor resolveu adequar algumas atividades que fazem o
uso de aplicativo de celular, o qual tem a função de traduzir texto e voz para
a linguagem brasileira de sinais (Libras). O professor possui três alunos
surdos em somente uma das turmas onde ministra aula e, sentindo dificuldades em
desenvolver atividades com estes alunos pelo obstáculo da comunicação (falta de
tradutores) e pela exclusão destes estudantes para com os demais colegas,
resolveu unir o objeto tão cobiçado pelos jovens com as atividades propostas em
sala de aula.
Com autorização da
pedagoga e da diretora da escola, o professor propôs a seguinte atividade aos
alunos do segundo ano do ensino médio: em grupos de cinco pessoas, deverão
realizar uma filmagem traduzindo a letra de uma música para a linguagem
brasileira de sinais. A princípio, o professor contou que os alunos ficaram
receosos e incrédulos, achando este trabalho bastante difícil. Então o
professor indicou o app “ProDeaf” para
auxiliar na compreensão dos sinais, permitindo o uso do celular neste momento,
tanto para a filmagem, quanto para o acesso ao aplicativo.
Segundo o site do aplicativo, “o ProDeaf é um conjunto de
softwares capazes de traduzir texto e voz de português para Libras - a Língua
Brasileira de Sinais - com o objetivo de permitir a comunicação entre surdos e
ouvintes”. Com o auxílio deste aplicativo disponível nos sistemas operacionais
Android e iOS, os alunos puderam compreender o funcionamento da Libras, podendo
realizar a atividade de maneira divertida e sábia, apresentando o resultado
para a turma através da TV Laranja.
O uso deste aplicativo tem por
objetivo primordial aproximar os alunos ouvintes dos alunos surdos da classe,
pois, segundo o professor João, após a primeira atividade realizada com os
alunos a partir do app, eles sempre o utilizavam para conseguir se comunicar
com os alunos surdos da classe, os quais só possuíam comunicação através da
linguagem de sinais. A vantagem maior do uso do ProDeaf foi exatamente esta aproximação, além do fato dos alunos
acharem as aulas mais divertidas, pois era algo novo e único proposto pelo
professor.
As filmagens desenvolvidas
pelos alunos tiveram um resultado tão maravilhoso que a diretora da escola
resolveu postar no site da escola, com o intuito de demonstrar para todos que,
mesmo sem tradutores em sala, os professores podem planejar suas aulas de
maneira inclusiva, visando o crescimento de cada um dos alunos.
O professor afirmou com
veemência que o aplicativo não substitui a necessidade de se haver tradutores
em sala de aula, ele apenas auxilia em algumas atividades como esta da filmagem
em libras, mas que no dia-a-dia, os alunos surdos sofrem absurdamente com o
descaso por parte dos governantes que não investem numa educação inclusiva de
qualidade.
A questão da utilização de
recursos tecnológicos em sala de aula está a cada dia mais presente nas
discussões entre docentes, pedagogos e diretores de escolas. Com o advento
explosivo da tecnologia de massa, será que o melhor caminho é apenas ignorá-las?
Será que, como pesquisadores do ambiente escolar, não devemos nos aliar a estes
recursos e torná-los ferramentas úteis e ótimas para o aprendizado? Estes são
alguns dos questionamentos levantados por pesquisadores da área da educação.
Professor João da disciplina de
artes aliou-se a tecnologia, adequando suas aulas de forma que façam algum
sentido para os estudantes surdos da classe. Hoje, aos quinze anos ministrando
aulas em escolas estaduais, o docente procura especializar-se a cada dia mais para
que construa aulas diversificadas para seus alunos, com o propósito de cumprir
seu papel como professor. João, tão querido por seus alunos, é considerado o
melhor por muitos deles. Mas, segundo João, ele apenas busca levar o
conhecimento para além das fronteiras. E se continuar faltando tradutores,
estará lá, com o coração cheio de esperança e confiança, buscando uma educação
justa, inclusiva e de alta qualidade.


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